Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

I wonder...


I
Passo a mão pela tua cabeça,
recurvamente, atentamente, e só com dedos brandos,
olhando-a como passa e vendo onde passou.

Quero saber o que tu pensas.


II
O que tu pensas, mas apenas como,
e quando e o porquê, e não
que estejas pensando ou não que a minha mão,
atenta e curvada, passa brandamente.

Quero saber aquilo que nem sabes.


III
Aquilo que nem sabes - como saberias
o que o pensar é antes de pensar-se?


A mão que pousa e vai passar atenta.
O olhar que espera ver passar o gesto.
A tácita lembrança de volver os olhos.
A brisa que sabemos vai soprar tão mansa,
ainda antes, no fremir de pétalas ou folhas,
mas não na expectativa do arrepio prévio.


IV
Por que esperaste, ciente, a pele da minha mão?


[Jorge de Sena]


^^

2 comentários:

Daniel Savio disse...

Porque o toque é mais importante que a nossa imaginação...

Fique com Deus, menina xará Danielle.
Um abraço.

Luna Sanchez disse...

AAAAAAAAAAHHHHHHHHH, eu quero fazer issoooooooooooooo, Dannizinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Tanto amor, né? Coisa linda! =)

Beijo, beijo.

ℓυηα