Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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sábado, 9 de outubro de 2010

...


Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!

De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro!
Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos...

As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta. Se tive amores?
Já não sei se os tive.

Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas?
Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas.
Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?

[Fernando Pessoa]

^^

2 comentários:

Daniel Savio disse...

Um pouco complexo, pos sempre estamos em movimento, como o mar, mas o mar também não munda muito de onde ele fica, nós sim...

Hua, kkk, ha, ha, eu sei, um comentário meio sem noção, mas acabei pensando isto.

Fique com Deus, menina xará Danielle.
Um abraço.

Giardia disse...

Pessoa e pessoas.

Sentidos e sentimentos. Gestos. Atitudes.

Você é mesmo muito boa no que faz.