Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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terça-feira, 3 de agosto de 2010


Se eu te pedisse a paz, que me darias
Pequeno insecto da memória de quem sou
Ninho e alimento? Se eu te pedisse a
Paz, a pedra do silêncio cobrindo-me
De pó, a voz rubra dos frutos, que me
Darias respiração pausada de outro
Corpo sob o meu corpo?

Perdoa-me por ser tão só, e falar-te
Ainda do meu exílio. Perdoa-me se não
Te peço a paz. Apenas pergunto: que me
Darias se a pedisse?

A sabedoria?
Um cavalo de olhos verdes?
Um tronco de madeira para nele gravar o teu nome junto ao meu?
Ou apenas uma faca de fogo, intranquila, no centro do coração?

Nada te peço, nada. Visito, simplesmente, o teu corpo de cinza.
Falo-lhe de mim, entrego-te o meu destino. E dele me liberto só
De perguntar: que me darias se eu te pedisse a paz e soubesses
De como a quero revestida por uma crista de sol em liberdade?

[Casimiro de Brito]


^^

Um comentário:

Daniel Savio disse...

Mas quando pedimos para que possamos caber dentro do corpo de alguém, com certeza queremos algo mais...

Fique com Deus, menina xará Danni.
Um abraço.