E entre mim eu, isto é, palavras,
formas indecisas
procurando um eixo que
lhes dê peso, um sentido capaz de conter
a sua inocência
uma voz (uma palavra) a que se prender
antes de se despedaçarem
contra tanto silêncio.
São elas, as tuas palavras, quem diz "eu";
se tiveres ouvidos suficientemente privados
podes escutar o seu coração
pulsando sob a palavra da tua existência,
entre o para cá de ti e o para lá de ti.
Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem,
ouves o teu coração (as tuas palavras "o teu coração")?
[Manuel António Pina]
^^
3 comentários:
muito bom o post.
Um feliz final de semana pra vc...
Maurizio
Obrigado pela indicação do selo.
E lindo este poema do Manuel A. Pina. Na verdade, somos aquilo que queres ouvir!
Outra maneira de dizer isso é assim: só permitimos que fazem com a gente, aquilo que queremos.
Beijos
Bom é quando as palavras do "para cá de nós" se manifestam sem receio...ai, ai.
* Antigamente eu me saía melhor nas tentativas de disfarçar meu romantismo. Não sei o que está havendo, amiga. Rs
Beijo.
ℓυηα
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