Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ouves?

Para cá de mim e para lá de mim, antes e depois.
E entre mim eu, isto é, palavras,
formas indecisas
procurando um eixo que
lhes dê peso, um sentido capaz de conter
a sua inocência
uma voz (uma palavra) a que se prender
antes de se despedaçarem
contra tanto silêncio.
São elas, as tuas palavras, quem diz "eu";
se tiveres ouvidos suficientemente privados
podes escutar o seu coração
pulsando sob a palavra da tua existência,
entre o para cá de ti e o para lá de ti.
Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem,
ouves o teu coração (as tuas palavras "o teu coração")?

[Manuel António Pina]

^^

3 comentários:

meus instantes e momentos disse...

muito bom o post.
Um feliz final de semana pra vc...
Maurizio

Blue disse...

Obrigado pela indicação do selo.

E lindo este poema do Manuel A. Pina. Na verdade, somos aquilo que queres ouvir!
Outra maneira de dizer isso é assim: só permitimos que fazem com a gente, aquilo que queremos.

Beijos

Luna Sanchez disse...

Bom é quando as palavras do "para cá de nós" se manifestam sem receio...ai, ai.

* Antigamente eu me saía melhor nas tentativas de disfarçar meu romantismo. Não sei o que está havendo, amiga. Rs

Beijo.

ℓυηα