Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Para-dig-ma


Paro no abrir de duas ou três janelas do esquecimento. Do outro lado da rua um gato atravessa-me as arestas do tempo. Há noite a escorrer pelos cabelos, lentamente, sem lua a serpentear os telhados das casas. Na ponta do cigarro uma estrela. É verdade. Coleciono despedidas nas raízes dos dedos e ninguém, mas ninguém mesmo, me salva da vontade de partir. Nessa fração de íntimo recolher de salivas e desejos não sou cais nem âncora. Crescem-me caminhos nos pés. Absurdo paradigma de nunca chegar.


^^

3 comentários:

Me permita disse...

"Somos feitos para às despedidas, por isso temos braços longos para os adeuses".

Para mim, mesmo que muitas vezes difícil, precisamos aprender a fazer da queda um passo de dança, do medo um escada... como disse Sabino! Um bjo, querida!

Luna Sanchez disse...

Noite sem lua não é completa... ¬¬

Beijo, Dannizinha.

ℓυηα

Daniel Savio disse...

Mas menina, de partir talvez não te salvem, mas da solidão, quem te salva?

Fique com Deus, menina xará Danni.
Um abraço.