Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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sábado, 8 de novembro de 2008


A escritora Clarice Lispector, nesta saudável mania de todo-mundo-copiar-todo-mundo-sem-citar-a-fonte, como se fosse poesia originariamente feita por Clarice. É bom que se diga que Clarice apesar de escrever de forma não versificada, era poeta verdadeira, pois não basta ao texto estar quebrado em linhas para ser poesia. Clarice fazia poesia sem quebrar as linhas.
Esta aí, é uma delas. Agora, vou deixar vc leitor, saborear cada palavra desta linda poesia....

Dá-me a tua mão


Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

^^

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