Não sei se é deste tempo, descolorido e monótono, com o Sol a persistir no castigo da sua ausência, mas dei por mim, pensativo, acompanhado apenas pela voz de Nat King Cole.
Seria melhor não ouvir tais músicas. Se fosse mais prudente teria colocado, no cd, uma etiqueta, de um encarnado bem vivo, com o aviso “Altamente perigoso, requer muita precaução no uso”.
Distraído, como sou, falhou essa prudência e agora estou por aqui completamente fascinado, a sonhar estrelas e amores.
Perante a falta de um Sol que alumie tenho que me contentar, entre tristes suspiros, com um ténue e alvidúlcido luar. Este, a espaços, vai rasgando a escuridão de uma noite, que, cada vez mais, se vai tornando sombria e friorenta.
Como eu gostava de o convencer a voltar. Se pudesse, dizia-lhe que se deixasse de castigos injustos. Juntos inventávamos um plano. Seria tudo muito bem pensado. Falávamos com o Inverno. Lembrávamos-lhe que ao longo de todo este tempo nunca faltou sequer um ano ao serviço e que estava mais que na altura de finalmente ter o seu merecido repouso.
Depois era a vez de acordar o Verão. Dizíamos que era uma emergência. Que o Inverno inexplicavelmente havia desaparecido, sem dar notícias, e que alguém tinha que tomar o seu lugar.
Ai, como seria tudo tão fácil se ele quisesse... Bastavam apenas uns pozinhos de perlim pim-pim, alguma loucura e, claro está, uma boa dose de imaginação.
E o sonho, esse deixava de o ser…
[JFDourado – Uns pozinhos de perlim pim-pim – 08/12/2006]
^^
Um comentário:
sempre volto. Gosto daqui.
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