Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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sábado, 2 de julho de 2011

Não, não deve ser nada este pulsar de dentro:











só um lento desejo de dançar.

E nem deve ter grande

significado este vapor dourado,

e invisível a olhares alheios:

só um pólen a meio, como de abelha

à espera de voar.

E não é com certezar

elevante este brilhante aqui:

poeira de diamante que encontrei

pelo verso e por acaso, poema

muito breve e muito raso,

que (aproveitando) trago para ti.




[Ana Luísa Amaral]



^^

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