Áh, a poesia russa e seus poetas
com seus semblantes de ferro.
Agora minha mente está cheia de vermelho e marron,
nucleares usinas, tanques e rostos de Lenin e de Stalin
Meus ouvidos ardem de medo ao sons de coturnos em marcha
marcando a neve e o barro.
Minha alma esqueceu dos serrados, dos céus estrelados e dos
jardins tropicais.
Ela quer marchar pelas planícies brancas e pelos montes Urais.
Marchar com a poesia talhada em aço e ferro
Ternura escondida sob as fardas
e sob os capacetes, nas trincheiras.
Discípulos de Maiakoviski
que aprendi a amar nos idos
anos sessenta
A poesia venceu a Ideologia
A guerra quente
A guerra fria
O império, os invernos e o Kremlin
Mas e a solidão ?
A nostalgia do que poderiam
ter sido.
Existem novos inimigos agora
O fast food, global brands, os falsos profetas
Milhões de crianças e mães tombam de fome
todo dia na África
A estratégia de exterminio agora é outra,
Os campos de concentração não tem cercas
O arame farpado rasga é por dentro
O ditador não tem nome, nem rosto
E já entrou por certo em seus jardins
e pisoteou suas flores.
Mais do que nunca soldados das palavras
Saquem suas penas
e lutem como jamais lutaram
Por uma Camelot pra todos
" You may say I am a dreamer
but I am not the only one"*
(*J.Lennon)
[Grácio Reis - Publicado no Recanto das Letras em 10/06/2008]
^^
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