Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011


Entro. Conheço a minha casa. É mansa
Sinto-lhe a respiração.
Dorme sobre os meus pés
À chuva
Estende o patamar aos primeiros rios

Mora nas margens para ser a mais matinal
Das nascentes – a escuta

Junto na concha das mãos as palavras
Iniciais. Posso dar de beber
Aos que caem
Aos que encostam o ouvido à orla
Marítima. À bainha da mãe

Posso juntar as margens. Ou soltar a água
E correr

[Daniel Faria]


^^

3 comentários:

Penélope disse...

... dorme sobre os meus pés a chuva... isso é lindo demais!!!

Penélope disse...

... dorme sobre os meus pés a chuva... isso é lindo demais!!!

Nos Amando... disse...

QUE BOM SERIA
SE SOUBESSEMOS COMO É TER
ESSE PODER SOBRE AS AGUAS.
FELIZ 2011