Vem ver-me antes que morra de amor – o sangue
arrefece dentro do meu corpo e as rosas desbotam
nas minhas mãos. Da minha cama ouço a tempestade
nos continentes; e já quis partir, deixar que o vento
levasse a minha mala por aí; fiz planos de correr mundo
para te esquecer – mas nunca abria a porta.
Vem ver-me enquanto não morro, mas vem de noite –
a luz sublinha a agonia de um rosto e quero que me recordes
como eu podia ter sido. Da minha cama vejo o sol
tatuar as costas do meu país; e já sonhei que o perseguia,
que desenhava o teu nome no veludo da areia e sentia
a vida a pulsar nessa palavra como o músculo tenso
escondido sob a pele – mas depois acordava e não ia.
Vem ver-me antes que morra, mas vem depressa –
os livros resvalam-me do colo e o bolor avança
sobre a roupa. Da minha cama sinto o perfume das folhas
tombadas nos caminhos. O Outono chegou. E o quarto
ficou tão frio de repente. E tu sem vires. Agora
quero deitar-me no tapete de musgo do jardim e ouvir
bater o coração da terra no meu peito. Os vermes
alimentam-se dos sonhos de quem morre. E tu não vens.
[Maria do Rosário Pedreira, O canto do vento nos ciprestes]
arrefece dentro do meu corpo e as rosas desbotam
nas minhas mãos. Da minha cama ouço a tempestade
nos continentes; e já quis partir, deixar que o vento
levasse a minha mala por aí; fiz planos de correr mundo
para te esquecer – mas nunca abria a porta.
Vem ver-me enquanto não morro, mas vem de noite –
a luz sublinha a agonia de um rosto e quero que me recordes
como eu podia ter sido. Da minha cama vejo o sol
tatuar as costas do meu país; e já sonhei que o perseguia,
que desenhava o teu nome no veludo da areia e sentia
a vida a pulsar nessa palavra como o músculo tenso
escondido sob a pele – mas depois acordava e não ia.
Vem ver-me antes que morra, mas vem depressa –
os livros resvalam-me do colo e o bolor avança
sobre a roupa. Da minha cama sinto o perfume das folhas
tombadas nos caminhos. O Outono chegou. E o quarto
ficou tão frio de repente. E tu sem vires. Agora
quero deitar-me no tapete de musgo do jardim e ouvir
bater o coração da terra no meu peito. Os vermes
alimentam-se dos sonhos de quem morre. E tu não vens.
[Maria do Rosário Pedreira, O canto do vento nos ciprestes]
^^
6 comentários:
Poesia bonita, mas será que ela se declarou antes para ele saber que pode perder alguém que muito o ama só por ama-lo demais (ou vice versa)?
Fique com Deus, menina xará Danni.
Um abraço.
Ai florzinha, assim eu fico com vontade de sair correndo e ir encontrar quem eu quero!
Beijo,
Nara
Nossa, que lindo...
Rima com os silêncios de minha alma...
Beijos...
"... ouvir o coração da terra bater no meu peito..." Uau!!! Demais!
Bjkas!
Ah, o fim do calor insuportável me inspira para tudo...para TUDOOOOO!
\o/
Beijoca, flor!
ℓυηα
Ah, deprimente não termos quem queremos ter..
E nada acalma o coração!!
Fim do verão.. Iepa!! rs
beijo danni ^^
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