Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Preciso...


Preciso soltar o ritmo que me prende.
Esta amarra de ferro à palavra e ao som.
Emudecer, no espaço, o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.
Não saber se uma flor é mesmo uma criança.
Se um muro de jardim é proa de navio.
Se o monumento fala, se o monumento dança.
Se esta menina cega é uma estátua de frio.
Um pássaro que voa pode ser um perfume.
Uma vela no rio, um lenço no meu rosto.
Na tarde de Fevereiro estar um dia de Outubro.
Nos meus olhos de morta uma noite de Agosto.
É preciso soltar o ritmo das marés,
Das estações, do Amor, dos signos e das águas,
Os duendes das plantas, os génios dos rochedos
Nos cabelos do Vento, as tranças de arvoredos.
Desordenai-me, luz! Que nada mais dependa
Das águas, das marés, dos signos e do Amor.
É preciso calar o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.

[Natércia Freire]


^^

8 comentários:

Janinha disse...

Gostei, boa semana bjuu

Anônimo disse...

Lindo ^^
As palavras nos fazem viajar em um mundo tão novo, tão envolvente...

Uma boa semana pra você...
Abraços

Daniel Savio disse...

Então por que não liberta esta amarra?

E lindo o texto.

Fique com Deus, menina xará Danni.
Um abraço.

Ma.chine disse...

"Um pássaro que voa pode ser um perfume.
Uma vela no rio, um lenço no meu rosto."

Que lindo isso...

Beijo

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Lindissimo poema, gostei muito de ler.

Beijinhos
Sonhadora

Daiany Maia disse...

Lindo poema, me lembrei do livro O arco e a Lira, do Octávio Paz!

beijo

Daiany Maia disse...

Lindo poema, me lembrei do livro O arco e a Lira, do Octávio Paz!

beijo

Daiany Maia disse...

Lindo poema, me lembrei do livro O arco e a Lira, do Octávio Paz!

beijo