Não digas ao que vens. Deixa-me
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a
tua casa? Dou-te a minha: leio nos
teus olhos o cansaço do dia que te
venceu; e, no teu rosto, as sombras
contam-me o resto da viagem. Anda,
vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo - é um
destino sem dor e sem memória. Tens
sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja - morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. Decido eu.
[Maria do Rosário Pedreira]
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a
tua casa? Dou-te a minha: leio nos
teus olhos o cansaço do dia que te
venceu; e, no teu rosto, as sombras
contam-me o resto da viagem. Anda,
vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo - é um
destino sem dor e sem memória. Tens
sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja - morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. Decido eu.
[Maria do Rosário Pedreira]
^^
Um comentário:
Que lindo! E a imagem, como sempre, um show à parte.
Lembrei de uma da Cáh, uma poetisa que eu admiro muito. Olha só :
"Tenho vindo de longe
ao teu encontro
atravessei continentes
e terras que não tem nomes
comi um pouco de fome
tornei-me estrangeira
de mim mesma
Espera
estou quase no fim do caminho
me reserve para a chegada
um pouco dessa tua doçura
para que quando eu te beijar
o gosto amargo da distância
se dissolva como se nunca
tivesse existido"
("Aviso de chegada")
Beijo, amiga.
ℓυηα
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