Um céu e nada mais - que só um temos,
como neste sistema: só um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul - como de tecto.
E o seu número tal, que deslumbrados
eram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tão de ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levíssimo toque de mistério.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovão que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caído.
Mas, de verdade: natural fenómeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
implodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abóbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais - que nada temos,
que não seja esta angústia de
mortais (e a maldição da rima,
já agora, a invadir poema em altorisco),
e a dança no trapézio proibido,
sem rede, deus, ou lei,
nem música de dança, nem sequer
inocência de criança, amor,
nem inocência. Um céu e nada mais.
[Ana Luísa Amaral]
como neste sistema: só um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul - como de tecto.
E o seu número tal, que deslumbrados
eram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tão de ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levíssimo toque de mistério.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovão que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caído.
Mas, de verdade: natural fenómeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
implodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abóbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais - que nada temos,
que não seja esta angústia de
mortais (e a maldição da rima,
já agora, a invadir poema em altorisco),
e a dança no trapézio proibido,
sem rede, deus, ou lei,
nem música de dança, nem sequer
inocência de criança, amor,
nem inocência. Um céu e nada mais.
[Ana Luísa Amaral]
^^
3 comentários:
A imensidão do céu e nada mais no que apegar-se, segurar-se? É um convite audacioso, pede desprendimento e , por que não dizer, coragem.
* Adoro o casamento das imagens e das palavras, Dannizinha. Sempre muito bem escolhidas. Parabéns!
** Trouxe outro selo pra ti :
http://coleccion-recuerdo.blogspot.com/2009/09/amigas-da-primavera.html
Beeeeijo,
ℓυηα
Luninha meu anjo! Realmente, é preciso muita coragem pra se apegar nessa imensidão, que de tão subjetivo, chega à ser audacioso!
Sobretudo, é preciso ter muita sensibilidade e fé pra conseguir entender...
Quanto ao casamento de poesias e imagens: vc não tem ideia do trabalho que eu tenho pra encontrar os devidos pares. Se vc soubesse o tanto de poesias "encalhadas", que estão à espera de suas almas gêmeas...rsrsr
E, o quanto de imagens que não são a "tampa da panela" destas poesias...
Mas, como sou uma boa "cupida" - hei de ler muito, mas muito, pra poder encontrar as devidas panelas...rsrsr
Obrigada pelo selinho, flor! Vc é mesmo um amor!
Bjs de domingo, cheios de carinho pra ti.
=)
***
Profeta,
Outro beijo pra você no tamanho do mundo!
=)
Danni,
Teu bom gosto e tua sensibilidade sempre te levam a fazer as escolhas certas, e o resultado é o charme e a beleza do blog, sempre encantador. ^^
* Trouxe mais um selo pra ti, florzinha :
http://coleccion-recuerdo.blogspot.com/2009/09/e-bom-saber-que-voce-esta-ai.html
** Quanto às menininhas da Primavera, respondi lá que devemos ser, da esquerda para a direita, a primeira e a 1ª e a 3ª, porque as outras são loirinhas. Rs
Bjo, bjo, bjo.
ℓυηα
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