Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Hei-de um dia levar-te a ver o sol do qual
conheço todas as cores (amarelo etc) pensamos
que as coisas existem mas segunda-feira traz

linhas de voo à liberdade da imaginação. Por
um instante pensei no sol como algo eterno
desconhecido mas um dia (digo) um dia algum

hei-de levar-te a ver o rio. Fechamos os olhos
ao usual esquecemos a diferença mas alguém
sabe quantos quadros pintou Picasso ou Resende
ou Van Gogh? Quanto pesa a torre dos Clérigos?

Mas também: quantas são as cores do arco-íris?
A forma de todas as pedras? Não há desculpa
para a rotina nem remédio para o ritual. Hei-de
um dia levar-te a ver o sul o sol um dia.

[João Luís Barreto Guimarães]

^^

Um comentário:

Luna Sanchez disse...

As coisas têm o valor que atribuímos à elas. Fato.

Bem legal esse texto.

Beijo,

ℓυηα