Vem buscar-me as mãos a noite já aceitou a minha tristeza
tenho esta sede como um delírio na duna frágil do cansaço
Atravessa o livro que deixei aberto no chão (o último poema)
que eu tenho frio e não sei se encontro asas para regressar
Preciso da tua retina aguada da tua estrela tão deslumbrada
do pontão atravessando a reluzente volúpia dos segredos
da sinceridade com que falas às cinzas azuis dos sonhos
A noite entrou no meu orvalho e bebeu a vida que restava
que mais posso eu guardar em minha boca que não arda?
que cintura delicada que fulguração que volúvel lucidez
me cerca agora que todo o imponderável infinito é tranquilo?
Traz-me os aluviões do teu estuário vem buscar-me agora
sentiste o meu grito? Venceu o olvido vazio que nos separa?
Sê tu a água que me desata o olhar a mão que me acorda
um beijo flutuando com esta música no trapézio da manhã
[Daniel Gonçalves, Dez anos de solidão]
^^
tenho esta sede como um delírio na duna frágil do cansaço
Atravessa o livro que deixei aberto no chão (o último poema)
que eu tenho frio e não sei se encontro asas para regressar
Preciso da tua retina aguada da tua estrela tão deslumbrada
do pontão atravessando a reluzente volúpia dos segredos
da sinceridade com que falas às cinzas azuis dos sonhos
A noite entrou no meu orvalho e bebeu a vida que restava
que mais posso eu guardar em minha boca que não arda?
que cintura delicada que fulguração que volúvel lucidez
me cerca agora que todo o imponderável infinito é tranquilo?
Traz-me os aluviões do teu estuário vem buscar-me agora
sentiste o meu grito? Venceu o olvido vazio que nos separa?
Sê tu a água que me desata o olhar a mão que me acorda
um beijo flutuando com esta música no trapézio da manhã
[Daniel Gonçalves, Dez anos de solidão]
^^
Um comentário:
"Retina aguada", "estrela deslumbrada"...
Bonito, principalmente por conta da simplicidade.
ℓυηα
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