Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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terça-feira, 17 de março de 2009

Ninguém = Ninguém

"Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
Ninguém = ninguém
Me encanta que tanta gente sinta(se é que sente) a mesma indiferença


Há pouca água e muita sede

Uma represa, um apartheid

a vida seca, os olhos úmidos

Entre duas pessoas

Entre quatro paredes

Tudo fica claro

Ninguém fica indiferente

Ninguém = Ninguém

O que me "encanta" é que tanta gente

Sinta (se é que sente) ou

Minta desesperadamente

A mesma Mentira

São todos iguais

E tão desiguais

uns mais iguais que os outros."

[Composição: Humberto Gessinger]

^^

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