Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

(...)

"Magoa ver a magnólia cair. Acredita.
O relâmpago vem
sobre ela. A tempestade.
As plantas são tão frágeis como as cabanas dos homens.
Somos muito frágeis os dois neste poema
com o relâmpago, a cabana, com a magnólia aos ombros
sem nenhum terreno pulmonar intacto
para depois de nos olharmos um de nós dizer
plantêmo-la aqui-aqui
é o meu pulso,
a minha boca
é a retina com que procuras, é a madeira da porta
com que te fechas em casa. Prometo-te
eu nunca vou fechar os olhos
as mãos."


[Daniel Faria]

^^

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