'A noite é igual ao dia porque o tempo é coisa que há muito se desfez. Deu lugar a um estar que já não se entende. A um sofrer que é demasiado hediondo para sequer se continuar a sentir. O corpo viaja por rumos muito diversos. Perdido. E vai regando o chão e os dias com o pranto que nunca deixa de se chorar.
A alma. Essa há muito que se deixou ficar. Não aprendeu a dor. Mas aprendeu a fingir que nao sentia. Aprendeu a demorar-se nos lugares onde antes sabia beber sentidos. E sorrisos. E a vida inteira.
[...]
Nos olhos que falam mais do que se pode ouvir, pedem para nunca os abandonarem. Pedem aos que chegam para não lhes dar logo de rompante, o travo áspero e feridor da despedida. E o grito emudecido: "que abracem o meu corpo vazio de memórias e de sonhos"e depois do esquecimento, o choro, de quem não sabe o que pediu. De quem não sabe o porquê de estar abraçado a um desconhecido. '
^^
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