Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fim

"Não devia ter-te deixado entrar assim na minha vida, não devia. Mas não pude. Entraste em mim num assalto e foi doce resistir. Agora quero expulsar-te, e não consigo. Perdi-me em ti, por descuido. Agora não me encontro sem ti.
De tudo nada ficou como prova: nem uma linha com a tua caligrafia, nem uma fotografia em que estivéssemos os dois, nem um dos teus lenços preferidos. Por vezes julgo, enlouquecida, que nem sequer exististe. Fecho os olhos e faço por fixar uma só imagem na memória, um só movimento curto dos teus braços, um sorriso na tua cara, uma única palavra, boa ou má, e não consigo. A imagem escorrega, desfaz-se no centro ou nos cantos. Quanto mais tento, mais me escapa. Volto atrás e recomeço. O que me vem não é o mesmo.
Não quero abrir os olhos para não ter que não te encontrar.


(...)

[Pedro Paixão]

Made in Lisboa


^^

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