Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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domingo, 29 de maio de 2011

Aos Poetas Russos





Áh, a poesia russa e seus poetas
com seus semblantes de ferro.
Agora minha mente está cheia de vermelho e marron,
nucleares usinas, tanques e rostos de Lenin e de Stalin
Meus ouvidos ardem de medo ao sons de coturnos em marcha
marcando a neve e o barro.
Minha alma esqueceu dos serrados, dos céus estrelados e dos
jardins tropicais.
Ela quer marchar pelas planícies brancas e pelos montes Urais.
Marchar com a poesia talhada em aço e ferro
Ternura escondida sob as fardas
e sob os capacetes, nas trincheiras.
Discípulos de Maiakoviski
que aprendi a amar nos idos
anos sessenta

A poesia venceu a Ideologia
A guerra quente
A guerra fria
O império, os invernos e o Kremlin

Mas e a solidão ?
A nostalgia do que poderiam
ter sido.

Existem novos inimigos agora
O fast food, global brands, os falsos profetas
Milhões de crianças e mães tombam de fome
todo dia na África
A estratégia de exterminio agora é outra,
Os campos de concentração não tem cercas
O arame farpado rasga é por dentro
O ditador não tem nome, nem rosto

E já entrou por certo em seus jardins
e pisoteou suas flores.

Mais do que nunca soldados das palavras
Saquem suas penas
e lutem como jamais lutaram
Por uma Camelot pra todos

" You may say I am a dreamer
but I am not the only one"*
(*J.Lennon)


[Grácio Reis - Publicado no Recanto das Letras em 10/06/2008]



^^

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