Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


Quem fala do amor? Eu tenho frio
e quero ser Dezembro

Quero chegar a um bosque apenas sensível,
até à maquinaria do coração sem saldo.
Eu quero ser Dezembro

Dormir,
na noite sem vida,
na vida sem sonhos,
nos tranquilizados sonhos que desaguam,
no rio do esquecimento.


Há cidades que são fotografias
nocturnas de cidades.
Eu quero ser Dezembro.

Para viver ao norte de um amor que aconteceu
debaixo do beijo sem lábios
de já há muito tempo,
eu quero ser Dezembro.

Como o cadáver branco dos rios,
como os minerais do Inverno.
Eu quero ser Dezembro


[Luis García Montero]
^^

Um comentário:

Daniel Savio disse...

Quando vi a figura, acabei vendo uma mulher de neve, mas ao ler o poema, vi que era uma mulher de neblina, a neblina que vive no limiar de dois momentos...

E bonita a poesia xará.

Fique com Deus, menina xará Danielle.
Um abraço.