Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por um triz



Brandiu assim o ferro quente
E seu rosto em minha mente
Foi queimando feito cicatriz

Do corpo estreito quase ausente
O cheiro ardido e transparente
Era certo da questão o xis

Que o líquido fermente
Se separem as sementes
Ponham-se os pingos nos ís

Que a lente do amor aumente
Faça em presença o que é ausente
Porque só se vive por um triz

Só o amor pode juntar
O que o desejo separou
Não poderia ontem se
Vestir de amanhã

Só o amor pode apagar
O que o desejo rasurou
Inventaria ontem
Pra existir amanhã



[Composição: Samuel Rosa – Rodrigo F. Leão]
^^

3 comentários:

Penélope disse...

Para sempre é sempre por um triz, assim dizia a canção BEATRIZ de Chico Buarque e Edu Lobo...
E assim também vamos, vivendo por um triz, como bem diz neste lindo poema.
Abraço

Maria Rita disse...

Me deixou sem palavras...só consigo dizer...lindo!

Beijos pra Ti

MissUniversoPróprio disse...

Como disse a Malu ali em cima, lembrei também da música "...Para sempre é sempre por um triz..."

E a música também diz "Me ensina a não andar com os pés no chão..."

Hoje é tudo tão 'sempre por um triz'...tudo tão efêmero, tudo tão banal...

Acho que só o amor pode consertar o mundo.