Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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domingo, 21 de novembro de 2010

Vive







Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.

O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.

Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.

É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.


[Alberto Caeiro]


^^

3 comentários:

Valquíria Calado disse...

parece que deixei a resposta no meu post de hoje, onde o amar é mais que amor, é tudo em um.
beijinhos e boa semana.

Luna Sanchez disse...

Nossa...esse post equivale a um belo sacode, Danni! Gostei!

Beijo, beijo.

ℓυηα

Daniel Savio disse...

Então viva ass coisas reais sem o julgo do tempo, apenas a tua vontade...

Fique com Deus, menina xará Danielle.
Um abraço.