Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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domingo, 13 de junho de 2010


Amei-te como um sobrevivente doutro mundo doutros rios inundada de algas e plumas restos de asas na boca turgida e urgente eras um grito da montanha debaixo da minha pele um tigre aceso com olhos de carvão com garras de diamante e a mesma força do nilo numa barca à deriva. Amei-te cheia de fome e sede molhada de frutos e ervas e os teus rins aconteciam relâmpagos vermelhos e maciços.

O tempo era uma almofada apertando a alma
os gestos eram precisos claros e lá fora a cidade era um ponto
luminoso na ponta dos teus dedos cortantes densos turvos como
as horas de fechar a porta. Os olhos voaram fora de nós e aí
nos deixámos adormecer.
Fiz-te uma cama de espuma e na minha boca dobraste o cabo do medo.
quando partiste levaste o verão e eu fiquei sentada bordando no ar
um castelo de beijos e um filho de luar.

[Isabel Mendes Ferreira]


^^

3 comentários:

Sac do Amor disse...

Lindo, como tudo o que se pode ver por aqui.

Amei. E a imagem também é maravilhosa, muito forte.

Bom domingo, amiga,
Monsieur Cvet z Juga.

Maria disse...

DANI.

AMEI SUA ESCOLHA, LINDA...
DESEJO QUE VOCÊ TENHA UM BOM DOMINGO

:)) BEIJOS EM SEU CORAÇÃO

Ava disse...

Menina, esta fazendo um tour por todo o teu blog. Lendo vários post antigos...

Que belos textos e poemas tens por aqui.

Beijos e voltarei sempre!