Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Vieste e foste,
ignoro se poderás voltar. Ontem, ao partires,
não reparaste que me deixavas menos feliz. Embora
tudo ficasse feito e decidido não sei que incompletude me
abalou – talvez a espera.
Perdi-me absurdamente no caminho e, por momentos,
a luz libidinal do teu pensamento
fugiu de mim. As coisas deixaram
a concretude com que sempre as tinha conhecido.
Sem perspectiva, nem letra.
Ao regressar à terra, não quis escrever no teu caderno.
Arranquei-lhe apenas esta folha. Fui um pobre corpo.
Rasguei-me a mim próprio e quis deitar-me fora.
Por isso te deixo este bilhete.
Vieste e foste.
Não foi por isso que te amei menos.
Em mim, não se realizou a tua conjectura sobre a
ressurreição da carne _________________
Reconhecerás tu, neste impulso da visão, uma carta de amor?

[Maria Gabriela Llansol]

^^

3 comentários:

Déia disse...

Flor,

Que lindo!!!

Amei!

bjinhos

Maria disse...

Dani

lindo !
Gostei muito.


:)) Beijjjjjj

Daniel Savio disse...

As vezes, o melhor é terminar, mas lembrando os bons momentos...

Fique com Deus, menina xará Danni.
Um abraço.