Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Uns corpos são como flores,
Outros como punhais,
Outros como fitas de água;
Mas todos, cedo ou tarde,
Serão queimaduras que em outro corpo aumentem,
Convertendo pelo fogo uma pedra num homem.

Mas um homem agita-se em todas as direcções,
Sonha com liberdades, compete com o vento,
Até que um dia se apaga a queimadura,
Volta a ser pedra no caminho de ninguém.

Eu, que não sou pedra, mas caminho,
Que, ao passar, atravessam os pés nus,

Morro de amor por todos eles;
Dou-lhes meu corpo para que o pisem,
Embora os leve a uma ambição ou uma nuvem,
Sem que nenhum compreenda
Que nuvens ou ambições
Não valem um amor que se entrega.


[Luis Cernuda]

^^

3 comentários:

O Profeta disse...

Fabuloso post...


Doce beijo

O Profeta disse...

À volta desta fogueira
Aquecem os corações, almas penadas
À volta desta fogueira ninguém foge
Todos contam lendas de pessoas encantadas

Todos rezam, todos pedem
Que desça o céu à terra
Todos falam de um anjo
Que travou uma santa guerra

Manto de água, mundo verde
Manhãs de sol posto no céu
Às vezes a luz perde-se na noite
À vezes um coração veste um negro véu


Mágico beijo

Daniel Savio disse...

A única que importa ao amor, é o próprio amor, nem mais, nem menos...

Poesia bonita, apesar de que na figura, o pé geralmente nos faz alcançar algo, nem exatamente ser porta para o amado...

Fique com Deus, menina xara Danni.
Um abraço.