Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma Palavra

Anda desde manhã uma palavra
a perseguir-me, a espreitar-me de longe
em atitude nítida de pose,
em clara posição de desafio
.

Sugere-se ligeira e disfarçada,
depois foge como uma Mata-Hari
lexical. Não sei o que em mim vê:
não tenho alta patente nem estatuto.

E contudo, ela anda por aí.
Sonora e inaudível, surge-me
do silêncio e dos ruídos longos,
brevíssima nos cantos - e perigosa.

Lá passou outra vez. E anda nisto
desde que me vesti e vi o sol.
Nada a faz desistir: nem a tarde
a cair, nem a minha ameaça de fuzis.

[Ana Luísa Amaral]

^^

4 comentários:

Franzé Oliveira disse...

Que sejam simples
Que sejam banais
Que sejam suaves
Que sejam para sempre
Ou fadadas ao esquecimento
Neste ou naqueles versos
Que digam tudo
Ou digam nada
Mas que no fundo
Sejam somente palavras
Compreendidas
Mais nada

Danielle Manhães disse...

Franzé, vc disse tudo... Que sejam compreendidas, mais nada.


Adoro seus comentários!

Obrigada.

Bjs!


=)

Luna Sanchez disse...

Como um desafio a pronunciar...perigo, mesmo.

Rs

Dois beijos, Dannizinha.

ℓυηα

. disse...

Pra que fuzis...não fuja
apenas se entregue.

Beijo