Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

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11.

"Vinte e oito moços tomando banho na praia,
vinte e oito moços e todos tão amigáveis;
vinte e oito anos de uma vida de mulher
e todos tão solitários.

Ela é a dona da bonita casa
na subida da encosta,
e bem vestida e simpática ela se esconde
por trás das venezianas da janela.

Qual o moço de que ela gosta mais?
Ah o mais caseiro de todos é para
ela o mais bonito.

Aonde é que vai assim, senhora? Estou só vendo:
vejo você se espalhando naquelas águas,
ainda que fique aí dentro do quarto
parada feito um pau.

Dançando e rindo vem pela linha da praia
o banhista número vinte e nove;
os outros não a viram,
mas ela bem que os viu e os adorou.

As barbas dos moços resplandeciam
de gotas d'água,
e a lhes caírem das compridas cabeleiras
pequenos fios d'água
lhes escorriam pelos corpos todos.

Uma invisível mão
também passava pelos corpos deles,
descendo trémula das frontes aos quadris.

Os moços nadam de costas,
claras barrigas ao sol,
sem indagarem quem estende a mão para eles:
não sabem eles quem enche o peito e desiste,
as sobrancelhas curvadas e vacilantes,
nem lhes ocorre que estejam salgando alguém
com a água que respingam."

[Walt Whitman]

^^

Um comentário:

Luna Sanchez disse...

Danni,

O tempo, visto assim, ganha ares de comemoração.

Gostei muito.

Beijos,

ℓυηα