Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Três poemas de Carlos Nejar



"Aqui ficam as coisas.
Amar é a mais alta constelação.

Os sapatos sem dono
tripulando
na correnteza-espaço
em que deitamos.

As minhas mãos telhado
no teu rosto de pombas.

Os corpos
circulando
na varanda dos braços.
É a mais alta constelação."


***


Claridade

"O barulho de existir:
um cão
dentro de mim.
Atravesso
como a um pátio
o barulho de existir."



***


I

"Escrever a dor
sem revolver o fogo,
a envelhecida cinza.

O que pode o amor
com os dons aprisionados?

Escrever
a ferocidade das coisas."



^^

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