Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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domingo, 7 de dezembro de 2008

As palavras também se cansam de ser escritas


'A noite é igual ao dia porque o tempo é coisa que há muito se desfez. Deu lugar a um estar que já não se entende. A um sofrer que é demasiado hediondo para sequer se continuar a sentir. O corpo viaja por rumos muito diversos. Perdido. E vai regando o chão e os dias com o pranto que nunca deixa de se chorar.

A alma. Essa há muito que se deixou ficar. Não aprendeu a dor. Mas aprendeu a fingir que nao sentia. Aprendeu a demorar-se nos lugares onde antes sabia beber sentidos. E sorrisos. E a vida inteira.

[...]

Nos olhos que falam mais do que se pode ouvir, pedem para nunca os abandonarem. Pedem aos que chegam para não lhes dar logo de rompante, o travo áspero e feridor da despedida. E o grito emudecido: "que abracem o meu corpo vazio de memórias e de sonhos"e depois do esquecimento, o choro, de quem não sabe o que pediu. De quem não sabe o porquê de estar abraçado a um desconhecido. '
^^

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