Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio do que não está ao pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir, sinta quem lê! [Fernando Pessoa, in "Cancioneiro]

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quero olhar como as Crianças

De tanto ver, a gente banaliza o olhar;
Vê... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é;
O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como um vazio.
Você sai todos os dias, pela mesma porta...
Se alguém lhe perguntar o que vê no caminho, você não sabe.
O hábito suja os olhos e baixa a voltagem.
Mas há sempre o que ver: Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que um adulto não vê.
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo.
O poeta é capaz de de ver pela primeira vez, o que, de tão visto, ninguém vê.
Há pai que raramente vê o próprio filho.
Marido que nunca viu a própria esposa.
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos...

É por aí que se instala o "monstro da indiferênça".

^^

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